As pessoas podem ser uma grande desilusão. E até eu, que habitualmente não me deixo apanhar por gente marada, nem sempre me consigo desviar.
Hoje recebi um telefonema, simpático, solidário, aparentemente para informar de uma situação de doença.
Até aqui tudo bem.
Só que no decorrer da conversa vieram as insinuações sobre a forma como educo os filhos, associando a um certo insucesso escolar.
Há uma certa cobardia nesta atitude porque este recado deveria ser para o pai das ditas crianças, que não está nem aí para assumir coisa nenhuma, um verdadeiro parasita da sociedade.
Só que a cobardia da pessoa, por sinal irmã do tal parasita, evita o contacto com o dito, embora aparente muita preocupação por mim e pelos sobrinhos.
Ao invés de despejar o saco para cima de quem devia, numa de professora de filosofia e dona da verdade absoluta, massacrou a minha já frágil estabilidade psicológica, deixando-me com ganas de a mandar a um sítio pouco elegante.
O mais irónico é que se trata de uma pessoa cujos filhos tiveram todo o sucesso escolar, e que por isso têm carreiras profissionais de sucesso, mas se por um lado se esforçaram, por outro, não esqueço que sendo os pais professores, beneficiarem da solidariedade da classe, para inflacionar as notas (o que ocorre infelizmente com mais frequência do que devia - neste país é assim).
Finalmente, como professora, penso que não seria das mais competentes sendo que, este cancro tem afectado gerações de alunos, inclusive os meus filhos.