“Portugueses são os que chumbam mais cedo”, dizia o JN de 12 Dezembro 2017
Com este título tão sugestivo, a leitura que se faz de imediato é que os alunos portugueses são os menos inteligentes ou persistentes da Europa. A leitura não deixa margem para dúvidas: os nossos alunos são medíocres porque desistem da escola.
Porque tudo o resto é perfeito!
O ensino em Portugal está nos melhores níveis europeus, senão vejamos: os programas estão adequados às necessidades do universo escolar; o preço dos livros e material escolar é perfeitamente acessível ao bolso dos portugueses; o acompanhamento escolar é de boa qualidade e só não é melhor porque os pais não colaboram com a escola: eventualmente porque trabalham e ninguém parece perceber que as deslocações à escola deveriam ocorrer em horários que não penalizassem profissionalmente os pais; e por fim a qualidade dos nossos professores é tão boa que toda matéria é aprendida na escola e nem é preciso os pais gastarem fortunas em explicações para que os filhos atinjam o nível necessário para passarem de ano. Por tudo isto o ensino em Portugal está de parabéns, à excepção dos alunos! Os alunos esses não!
É pena que se dêem notícias tendenciosas e não haja coragem para ir mais além. Se calhar os alunos desistem porque não se revêem na escola; talvez porque a escola presta muita atenção aos bons alunos e pouca aos menos bons; e finalmente porque o que se pede ao professor dos nossos dias é que tenha as habilitações académicas e saiba debitar informação, ao contrário do Mestre do antigamente que tinha o prazer de ensinar e que para muitos da minha geração foram referências para a vida.
Na equação mão-de-obra e matéria-prima só existe um bom resultado se o professor souber moldar o aluno rumo ao conhecimento para um melhor desempenho social e profissional.
Ninguém pede aos professores para educarem os nossos filhos. Pede-se-lhes que tenham competências para passar o conhecimento.
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