quinta-feira, 13 de junho de 2019

Prostituir a essência


Sendo o corpo pertença de cada um, cada um faz dele o que bem entende. Não esquecer, porém que o que se faz ao corpo faz-se à mente, à alma, ao espírito, no fundo à nossa essência que é aquilo que somos, independentemente dos nomes que nos damos. Quando aviltamos o corpo, aviltamos sem dúvida a essência que nos coloca acima dos animais irracionais.

Vive-se num tempo em que se quer experienciar exaustivamente os prazeres sensoriais, usando para tal tudo o que possa potenciar os sentidos. Já quase não se pondera a diversão sem a presença do álcool, da droga, do tabaco, de medicamentos e cedo ou tarde esses maus tratos ao corpo virão como danos maiores à mente.

Pese embora, a progressão do ser humano que já se aprimorou relativamente ao tempo em que matava para sobreviver, ainda está bem longe daquilo que seria razoável nos tempos actuais.

Prostitui-se o corpo de variadas formas: na entrega por compensação económica; quando consome substâncias que potenciam sensações, inibições, alienações. Maltrata, fragiliza quando não respeita as necessidades de descanso, de higiene, quando por questões estéticas vai a sacrifícios desumanos, alimentação deficiente, uso de substancias químicas para atingir a pseudo perfeição.

Duvido que não haja um rasgo de consciência a alertar para as consequências futuras e tenho a certeza de que todos os excessos irão aparecer mais tarde sobre a forma de transtornos emocionais e ou mentais.

Porque o corpo é a casa onde vivemos enquanto pessoas, maltratar essa casa é prostituir quem somos. E nós somos, a soma de todos os sentidos, que entram na equação do nosso bem-estar e da nossa sanidade mental. Respeitar o nosso corpo é respeitar a nossa essência e essa é a parte mais importante de nós."