quarta-feira, 16 de maio de 2018

Violência doméstica

 

Li no JN que a EARHV- Equipa de Análise Retrospetiva de Homicídio em Violência Doméstica divulgou o 3 º Relatório e nele são produzidas algumas recomendações e sugestões.

Desde logo chama a minha atenção o desfasamento no tempo, entre o ocorrido, a decisão do tribunal e o relatório da EARHV. Há um espaço de 3 anos entre o 1º momento e o último…

Sugere ainda o referido relatório, que deve ser priorizada a retirada do agressor da residência ao contrário do que acontece até agora em que a vitima e os  filhos são forçados a abandonar as suas casas e rotinas para ficarem fechados na chamada casa abrigo, por precaução, é certo, enquanto o agressor fica à solta, potencialmente mais agressivo e descontrolado por perder o acesso à vitima e sentindo-se desafiado na sua pretensa autoridade.

As vitimas são, desta forma maltratadas duas vezes.

Porque não experimentar o contrário e criar uma casa abrigo de preferência com grades como forma de "ajudar" o agressor no controle da raiva? 

Falta eficácia, autoridade e essencialmente bom senso. E o bom senso diz que a primeira coisa a fazer deveria ser isolar o agressor até que acalme os seus baixos instintos.

Serão precisas mais quantas comissões para chegar a essa conclusão tão “evidente”?

Efectivamente, vemos multiplicarem-se as comissões, as associações, mas a actuação que se quer célere, não acontece. É uma espécie de folclore nacional onde são criados cargos para pessoas que apenas falam e escrevem bem, mas da violência efectiva sabem pouco.

A violência doméstica é vergonha nacional e enquanto andarmos apenas com sugestões, continuarão a encher-se as páginas dos jornais. Já se percebeu que só pela eficácia, rapidez de actuação e autoridade se conseguirá educar mentalidades paleolíticas, sem valores, sem respeito e sem cultura.