quinta-feira, 24 de março de 2016

O politicamente correcto

SEXTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2016


A grande instituição do politicamente correcto fez do mundo um lugar perigoso.

Permite que filhos legítimos de um país onde generosamente foram acolhidos seus pais, seus avós, onde nasceram e se criaram, possam sem qualquer constrangimento matar o seu semelhante, a coberto de crenças sem qualquer cabimento na modernidade.

O politicamente correcto faz com que as televisões transmitam todos os horrores perpetrados, as lágrimas, os gritos, o luto, as análises, as conferências, o bla, bla,bla... tudo isto para gáudio dos carrascos, que se regozijam por ver o sucesso da sua barbárie difundida pelo mundo inteiro. E enquanto tudo isso ocorre, de acordo com uma rotina pre-definida e num tempo longo demais, outras acções se planeiam, porque esta gente não é normal, porque esta gente tem uma deficiência da alma incurável. 

O politicamente correcto mostra a vulnerabilidade, o medo  nos rostos, a suavidade das palavras a tentar explicar o  inexplicável enquanto estes animais a quem ainda insistem em chamar homens se prepararm para mais assassinatos.

O politicamente correcto permite que se sentem à mesma mesa quem é pela paz e quem pratica a guerra, sem que nenhum dos lados se sinta incomodado.
Permite que os mesmos que fornecem as armas para as guerras do mundo, sejam os mesmos que enviam mantimentos, medicamentos, que apoiem as consequências...

O politicamente correcto é um cancro que alastra sem soluções de cura. Aquilo que os homens acham uma evolução, é sem dúvida uma regressão. É a instituição do cinismo e da cobardia a par com a insanidade que paira sobre os países.

Na Universidade de Griffith, na Austrália, há um concurso anual sobre a definição mais apropriada para um termo contemporâneo.
Este ano, o  termo escolhido foi "politicamente correto"

O estudante  vencedor escreveu:
 "Politicamente correto" é uma doutrina, sustentada por uma minoria iludida e sem lógica, que foi rapidamente promovida pelos meios de comunicação e que sustenta a ideia de que é inteiramente possível pegar num pedaço de m* pelo lado limpo."

3 comentários:

  1. Excelente, cara Fátima, estou 100% de acordo, como penso que os meus anteriores escritos tenham feito perceber. Que a pena não lhe doa, continue por favor. Santa Páscoa e abraço de amizade.
    Responder
    Respostas
    1. Uma Santa Páscoa também para si. Fique bem.
    2. "Políticamente correcto" é dizer-se o contrário do que se pensa, para não ferir susceptibilidades. Resumindo, é hipocrisia. Ter acrescentado uma pitada "escatológica"é o que deve ter dado o prémio ao estudante australiano...

quarta-feira, 23 de março de 2016

O país da crise

QUARTA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 2016


Andamos há tempo demais a ser bombardeados com a crise… mais a crise… e depois a crise…

Um bocado fartos disto, não?

E afinal, parte da crise resolvia-se com uma maior atenção sobre muitos abusos espalhados por aí.

Apenas um pequeno exemplo: observe-se a qualidade dos carros que circulam nas estradas portuguesas. Nem em países com melhor poder de compra se vê uma frota topo de gama como a que vemos neste país pobrezinho.

Juro que não sou invejosa! O meu carrinho é excelente e paguei-o eu!

Mas diria que muitos carros parecem caros de mais para quem os conduz. Então como se pagam ou quem os paga?  

Neste momento alguém pensa: pois, devem ser carros comprados por empresários para o serviço das empresas que gerem! – Sim, infelizmente é uma prática recorrente e viciosa!

Dirão: então e tal… dignificar a empresa…

E eu pergunto, para vender “sabonetes” é preciso BMW ou Mercedes, ou um carro comercial seria mais adequado?

Seria, mas não era a mesma coisa!

E assim, os encargos de carros em serviço particular, entram nas contas das empresas, que assim pagam menos impostos e ainda por cima, se a coisa correr mal, deixam de pagar salários por conta destes desequilíbrios que nunca ninguém averigua. A chamada gestão danosa que prejudica terceiros, que nunca são defendidos dignamente.

Mas então, as finanças que descobrem tudo, até aquela última moedita bem lá no fundo do bolso das calças, não acham estranho que empresas muitas vezes com problemas financeiros comprem carros caros demais?

E porque as finanças portuguesas são boas a descobrir a agulha no palheiro (quando querem) não estranham quando estes patrões dos Mercedes e dos BM declaram um salário mínimo, para depois irem usufruir de apoios que deveriam ser reservados a quem deles precisam; veja-se as bolsas de estudo por exemplo cujo plafond é esgotado por muitos meninos de papás, também eles a deslocarem-se para as faculdades em topos de gama.

A moralização destas situações era fácil, barata e daria milhões aos cofres do estado, para além do cumprimento duma justiça social que tarda…

1 comentário:

  1. não é comentário, apenas chamada da atenção dos mais distraídos para a deselegância exibicionista de excessos e há sempre excesso quando quem dá sinal exterior de nada lhe faltar abre a boca e se nota que faltou tudo e nem a aparente a
    bundância fez começar valorização de si próprio de maneira a dar bom exemplo e não ser socialmente caríssimo

sexta-feira, 18 de março de 2016

Brasil em chamas

SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016


Todos temos um pouco de espírito de contradição, eu não sou excepção...
Ao ver as imagens que nos chegam, vindas do Brasil, com a SIC a noticiar até à exaustão (porque será?), apetece-me ir contra a corrente e perguntar: trata-se realmente de um processo para limpar a corrupção, que lá como por cá grassa, ou ao contrário é para limpar elementos do governo que aparentemente não governaram muito a favor das classes privilegiadas?

Porque para mim parece mais uma luta de classes: a alta a querer recuperar “o paraíso perdido”, a muito “baixinha” a tentar impedir e a classe média (entretanto desaparecida em combate) "apardalada" no meio de tudo isso. Será?

5 comentários:

  1. É isso é, minha senhora. E quando "juízes" que andam envolvidos em manifestações de rua têm poder para anular uma nomeação legítima do presidente da República, fica claro que está tudo muito escuro... A luta contra a corrupção é outra coisa bem diferente daquilo que se está a passar, vide o que aconteceu na Itália uns bons anos já passados...
    Responder
  2. Não tenho tido tempo para escrever, mas cá cai um comentáriozito: eu não sei se há motivos para criticar Lula. Sei é que as injustiças, as assimetrias sociais lá, ainda são muito mais brutais que aqui (estive lá quando estava na Marinha e vi, tanta miséria, tanta delinquência, tanta prostituição. Era o tempo da ditadura militar) e sei também, que o antigo sindicalista quando foi presidente, tirou milhões de compatriotas seus da miséria extrema e projectou aquele gigante a potência regional/mundial. E sei também que se a direita ou os militares substituírem Dilma, O Brasil regride e será muito pior para o seu povo e para todas as forças progressistas.
    Responder
  3. O tempo é-nos dado, senhor Ramalho. Infelizmente, vivemos num mundo onde tudo é mercantilizado! E quanto ao Lula, claro que há-de haver motivos para o criticar. Mas a corrupção no Brasil é uma "instituição" que não foi criada por ele nem vai acabar se agora for usado como bode expiatório de todos os males. E é óbvio que há forças muito corruptas a manipular o descontentamento das massas...
    Responder
  4. O Lula é o santo pecador, e não é o primeiro a cometer pecados. O problema é que não sendo religioso, a Igreja não tem poder para o perdoar e o povo, "ingrato", também não perdoa ao pobre que foge da matilha e se torna rico.

A cor dos sorrisos

SEXTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2016


Sim, os sorrisos têm cor! 
Amarelos, cinzentos, com brilho, sem brilho…
Sempre me chamou a atenção a expressão facial dos políticos: o sorriso do ex-Primeiro-ministro, que 
não era bem um sorriso, antes um esgar.
Não posso deixar de reparar também no sorriso do actual Primeiro-ministro: maroto, bem-disposto,
aparentemente pouca coisa lhe tirará esse sorriso do rosto.
Mas e há sempre um mas, apesar do sorriso no rosto, António Costa tem desconfortavelmente uma 
pedra no sapato (uma areiazinha) e chama-se Passos Coelho, inimigo do diferente, só porque sim!
Pouco lhe importa o que importa ao país, não sendo ele a mandar já não presta!
E porque observo em António Costa um estratega, dava-lhe um conselho que resultou muito bem 
com Paulo Portas: chamar Passos Coelho para seu vice.

Pode ser que o esgar de Passos passe a sorriso e António Costa fique mais disponível para prestar 
melhor serviço ao país…

quarta-feira, 2 de março de 2016

Eutanásia

QUARTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2016


Jogar com as palavras é uma coisa que os jornalistas aprendem… e os políticos também…

Vem a propósito da escandaleira do que foi uma afirmação/constatação referida aos microfones da Rádio Renascença (com quem ela se foi meter!) feita pela Bastonária da Ordem dos Enfermeiros sobre a prática da eutanásia nos hospitais.
Depois de passar por um qualquer hospital neste lindo país que é o nosso, onde ocorremos por conta de uma gripe e de onde saímos (se sairmos!), com uma bactéria que só estava lá à nossa espera; depois de observar o que se passa nesses corredores de morte, onde as pessoas são ignoradas horas a fio, até algum familiar começar a partir tudo; onde o médico, que oficialmente está na urgência, se encontra no seu confortável consultório com a total disponibilidade e simpatia, porque os doentes pagam e não é tão pouco; depois de analisarmos quantos casos de negligência médica são levados a tribunal quantos são julgados, quantos são condenados; depois de tudo isso podemos em verdade confirmar que isso é de todo impossível (!).
Erros existem em todas as profissões, mas tal como acontece em algumas empresas no que se refere à política de segurança em que o objectivo é zero acidentes, nos hospitais, ainda mais se justifica trabalhar para atingir o objectivo de zero erro médico.
Ninguém mata por que lhe apetece, mas a negligência grosseira que se observa todos os dias, por falta de pessoal, por falta de meios, por cortes na saúde, etc, é uma forma de eutanásia e mais grave porque que o doente a não pediu e que juridicamente tem outro nome que nem me atrevo a pronunciar, não vá eu também levar com um processo…


1 comentário:

  1. existem erros grosseiros muitíssimos piores em relação ao piedoso acto chamado Eutanásia.

Apego ao poder

QUARTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2016


É dramático ver o ex-primeiro ministro a deambular pelo país na alegre (aparente) ilusão de que ainda é “o dono disto tudo”.
Um familiar próximo, pouco atento, um dia destes referia-se a Passos Coelho como ainda primeiro-ministro, de tanto que o senhor aparece na televisão.

É mais vulgar do que deveria a obsessão pelo poder, que afecta homens e mulheres e que depois de provarem o seu sabor, querem mais e mais, como acontece com qualquer outra droga e sem dar conta do que essa adrenalina lhes tira em saúde, em dignidade, enfim em carácter…

Sei que alguém tem que levar as rédeas: uns mandam, outros são mandados. Mas tudo se quer dentro do razoável. Neste patamar, bom senso precisa-se!

Conheço  pessoas que detém grande poder, mas a maioria das vezes não detém a sua própria liberdade: o ir e vir, o fazer o que tantas vezes lhes apetece, bater com a porta por exemplo!
Em geral obedecem a outros poderes maiores! São marionetas, lacaios de algo ou de alguém!


Algumas pessoas, muitas pessoas, de tão alienadas não percebem, ou não querem perceber que a mesma porta por onde se entra é a mesma por onde se deverá sair, de preferência com dignidade e sem precisar de nenhum empurrão…

3 comentários:

  1. Se houvesse um mínimo de respeito social, os políticos quando deixavam os cargos iam trabalhar nas suas anteriores profissões. Só que a maioria deles não tem profissão. O problema de fundo é que, antigamente, havia uma diferenciação de classes sociais, a que se chamou CLERO, NOBREZA e POVO e agora sem que a classificação faça parte do cardápio, existe, à claras, POLÍTICOS, AMIGOS DOS POLÍTICOS E POVO. Afinal continua a haver classes sociais.
    Responder
    Respostas
    1. infelizmente é verdade! A "profissão de politico" tem muitos direitos e quase nenhumas obrigações, daí que muitos queiram fazer carreira nesse "mundo maravilhoso do vale tudo".
      Eliminar
  2. De facto, é de lamentar o ar cínico do Passos a vangloriar-se com uma possível má prestação do actual Executivo, para tentar saltar para o poleiro. Com patriotas como ele só os vendilhões se lhe comparam.