SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2015
Não sou economista, não sou gestora, menos ainda política; sou apenas uma profissional que
tenta multiplicar os seus rendimentos do trabalho, o que cada vez se torna mais difícil...
Como ser pensante dei por mim há pouco tempo em Lisboa, em plena Estação do Oriente,
observando a fila de formiguinhas (leia-se pessoas) que corriam para tentar apanhar os diversos
comboios de regresso a casa numa sexta-feira, igual ao que julgo serem todas as sextas-feiras na
capital deste pequeno pais.
Concluí que as segundas-feiras também serão iguais e as terças e
quartas e … por aí fora.
Mas o que me surpreendeu não foi este bulício; em qualquer cidade deste país acontece um
pouco disto. O que me surpreendeu e deixou chocada, foi verificar que se concentram na capital
todos os dias, gentes oriundas do resto do país e que vão a Lisboa para reuniões pontuais, ou
por toda uma semana, regressando a casa no fim-de-semana.
Ou seja: sempre se disse que os políticos e os artistas para fazerem carreira teriam que mudar-se
para Lisboa!
Nesta altura qualquer “artista” de uma qualquer profissão, por força da actual conjuntura deve
estar preparado para marchar para Lisboa tão rapidamente quanto lhe ordene a entidade patronal.
Significa isto que, para além das empresas de viagem: aviões, autocarros, comboios, também os restaurantes, hotéis, toda a restauração em geral, ficam a ganhar relativamente ao comércio e serviços no resto do país.
Neste momento qualquer carruagem de comboio, qualquer autocarro, qualquer avião é uma
espécie de filial de empresas sediadas em Lisboa.
Mas afinal ninguém faz contas? - é mais barato pagar todas estas deslocações ou manter
fisicamente as empresas nos seus locais, usando as tecnologias tão vulgarizadas para estas
reuniões “urgentes” e presenciais?
Para além de todo o stress gerado, cansaço físico que é contraproducente para os resultados a
atingir.
Em qualquer workshop sobre estes assuntos fica bem na fotografia apelar ao bom senso,
defendendo a qualidade de vida das pessoas que trabalham.
Depois, é injusto para o resto do país porque uma boa parte dos salários de todos estes profissionais fica em Lisboa.
Culpo as empresas que, dizendo uma coisa e fazendo outra, centralizem desnecessariamente
e com custos a todos os níveis elevados, mas culpo ainda o poder politico pela inércia em corrigir
estes centralismos, eventualmente convenientes…
Assim até me parece inteligente que se encerrem escolas, centros de saúde e tribunais no
resto do país; afinal tudo o que é importante passa-se em Lisboa. O zé de Lamego se quiser
visitar a prima em Lisboa, dificilmente arranjará um hotel na capital; até um lugarzinho no
comboio se não for com alguma antecedência e pela internet, mas como o Zé percebe pouco disso,
começa a tornar-se difícil.
Vivemos de virtualismos. O pé no chão; o contacto com a realidade; a coragem de corrigir os erros;
a vontade de dignificar todo o país com as suas mais valias, sejam profissionais, empresas, lazer,
não existe!
Quando eu era muito pequena dizia-se” Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”.
Afinal o que mudou?
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