No imaginário de cada um vivem heróis, anti-heróis e afins…
São muitos os heróis da maioria das pessoas, figuras políticas, religiosas, actores, atletas, etc., todos enfim que
deixam a sua marca na história pelo lado positivo.
Os anti-heróis, logicamente, são todos os outros que pela ordem inversa deixam a sua marca negativa na memória
das pessoas.
No meu imaginário também habitam os heróis, os anti-heróis e… os outros…
Só que no meu imaginário, os meus heróis, em geral são pessoas anónimas que tem uma grandeza de vida enorme.
Ainda há pouco num espaço comercial acho que me cruzei com um desses heróis.
Um homem acompanhava um jovem invisual (apenas o identifiquei pela bengala habitual); Pararam junto dum
balcão de refeições dos muitos espalhados pelo país e que tanto os jovens apreciam.
O pai, segundo me pareceu, lia em voz alta a oferta gastronómica, enquanto o jovem ouvia e aparentemente escolhia.
A naturalidade que se atinge nestas situações.
A cumplicidade aparente entre pai e filho são para mim um acto de grande heroísmo. Porque há uma batalha a travar
todos os dias pela igualdade, pela garantia de futuro dos menos favorecidos fisicamente, sabendo que a nossa
sociedade discrimina, estigmatiza, tanto os diferentes como a família mais próxima.
Herói para mim não é a alta individualidade política, os altos dignitários da igreja ou os personagens que povoam
de uma forma ou de outra as colunas sociais; Todos esses recebem sempre mais do que alguma vez darão.
Os meus heróis são as pessoas anónimas, que fazem questão de o ser e que estão na linha da frente da necessidade.
Atentos à fome, à dor, na luta contra a desigualdade social.
Os meus heróis são os chefes de família, mulheres ou homens que lutam todos os dias para andar de cabeça
levantada e cara lavada.
Para dar aos seus as oportunidade que mais ninguém dará.
Homens ou mulheres que levam cruzes tão pesadas, que nenhuma paga humana algum dia liquidará.
Gente que carrega as doenças, suas e dos seus, arrastando-se pelos hospitais, escorraçados tantas vezes,
maltratados outras tantas e mesmo assim ainda lhes sobra coragem para investir de novo á procura de soluções,
atrás de um fio de esperança.
São todos aqueles que vigiam se o vizinho tem fome, se está doente.
São todos quantos tem coragem de dar a mão ao ser humano que morre só numa cama de hospital.
Esses sim, para mim têm nome de heróis.
São os que nunca serão homenageados, agraciados, reconhecidos.
Que nunca terão pagas, nem reformas milionárias.
Que muitas vezes recebem até a ingratidão de muitos dos que ajudam.
Enfim, esses são os meus heróis que vivem num mundo ao contrário e que só podem receber algum reconhecimento
num mundo espiritual se nisso acreditarem.
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