segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Por defeito, são os líderes manipuladores, narcisistas e mentirosos?

SEGUNDA-FEIRA, 11 DE JANEIRO DE 2016


Esta é a conclusão a que chega Jeffrey Pfeffer, através do seu livro Leadership BS: Fixing Workplaces and Carreers One Truth at a Time, que faz parte dos nomeados para o Prémio de Melhor Livro de Gestão, anualmente promovido pelo Financial Times e pela McKinsey.

Reconhecido docente de Stanford e professor visitante das maiores escolas de gestão do mundo, como a London Business School, a Singapore Management University, a IESE Business School, Harvard, neste livro politicamente incorrecto, Pfeffer acusa a poderosa indústria da liderança de nada fazer para criar bons líderes, simplesmente porque “doura a pílula” e não assume a verdade do que se passa nas elites organizacionais.

Pese embora a sugestão para que não se tirem conclusões precipitadas da mensagem que o professor de Stanford quer passar, Pfeffer descreve-se a si mesmo como um realista que não vai em contos de fadas, mas como alguém que, através de dados empíricos e científicos, consegue perceber que as organizações são tóxicas por natureza e que os executivos de topo que maior eficácia alcançam não são nem autênticos, nem modestos e muito menos confiáveis.

Citando Pfeffer , a formação empresarial, nos Estados Unidos, representa um mercado no valor de 70 mil milhões de dólares, dos quais 35% são gastos, especificamente, na melhoria das competências em gestão e liderança. Livros, workshops, conferências, sessões de formação, vídeos de discursos inspiradores, blogs, consultoria “aplicada”, tudo serve para ajudar empregadores e empregados a melhorar a sua performance e, por conseguinte, a das organizações, com o objectivo de cumprirem a sua missão, maximizar os seus lucros e, de preferência, ainda, a dos demais stakeholders.

Até aqui nada que não se faça no resto do mundo sobre a matéria. O problema é que, de acordo com o autor, independentemente de quão bons são os livros, os discursos dos pretensos especialistas em liderança, as lições fornecidas pelas consultoras ou os próprios cursos ministrados por entidades variadas, nem os líderes estão a ficar melhores, nem os colaboradores estão mais felizes.

O professor não tem qualquer prurido em afirmar que, nesta indústria, não existem barreiras à entrada. Qualquer pessoa, com ou sem credenciais sérias, pode escrever um livro ou desenvolver e ministrar um seminário sobre liderança. Como afirma, "muitos denominados especialistas em liderança nunca estiveram numa posição de liderança, ou estiveram, mas falharam ou são defensores de um estilo de liderança que é muito diferente do que aquele que praticaram enquanto foram líderes". 
Numa entrevista à Forbes, Pfeffer recorda um ranking publicado em 2014 pela revista Inc. relativo aos 50 Especialistas em Gestão e Liderança, no qual e nos 20 primeiros lugares, um dos classificados não tinha nenhum grau académico, apenas cinco tinham formação em áreas relevantes e dois tinham doutoramento em Religião. E todos estes "especialistas" se auto-descreviam como "oradores”.

Segundo o autor, a razão para a falácia desta indústria e talvez a mais interessante, diz respeito, a significativo paradoxo: aquilo que é bom para uma empresa pode não ser bom para o líder e vice-versa. 

Na verdade, uma das suas mais deprimentes conclusões – e são várias as que o livro enumera – “é a de que os líderes e aqueles que escrevem sobre eles – os primeiros porque são narcisistas focados no seu próprio interesse e os segundos porque tornam a sua pregação mal orientada extremamente popular – irão continuar a sair-se muito bem”.
O que realmente o preocupa são os seres humanos que têm carreiras estropiadas’e percursos ‘descarrilados’ e que trabalham em locais que são, literalmente, expostos a condições tão tóxicas como as dos fumadores passivos”.

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